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ADORO LER! Mas por impaciência nata, não escrevo. E como tem muita coisa bacana neste mundo virtual de meu Deus, resolvi compilar os melhores textos (do meu ponto de vista, é claro!), e os quais eu me identifico de alguma maneira. Mais ou menos assim: FAÇO MINHAS, AS PALAVRAS DELES.
Plágio? Não. Seria se não colocasse os devidos créditos.

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terça-feira, 31 de agosto de 2010

AMAR É PRECISO! PACIÊNCIA É IMPRESCINDÍVEL...

Li, outro dia, um artigo que achei extremamente importante para ser compartilhado com pais de crianças com TDAH.
O autor, Patrick Kilcarr *, comenta que, de todos os artigos que escreveu, é o que tem provocado a resposta mais emocional por parte de casais, principalmente dos pais. Em suas palavras, “criar uma criança portadora de TDAH é extremamente difícil, um desafio que, às vezes, provoca um fogo no fundo do plexo solar que sentimos só será extinguido através de uma raiva purificadora. Mas, como bem sabemos, isso só faz com que a criança se sinta vazia, inadequada e diminuída.”

Muitos dos homens que comparecem a seminários sobre TDAH, para aprenderem sobre seu filhos, também são portadores. No entanto, ao contrário dos filhos, cresceram recebendo raiva e abandono da sociedade. Foram rotulados de preguiçosos, maus, desmotivados ou levados a crer que nunca conseguiriam desenvolver seu potencial. Kicarr diz a esses homens que seus filhos podem usá-los como guia. Ser esse guia exige esforço e vontade de mudar conceitos preestabelecidos sobre si próprio e sobre a criança.






Segundo ele, os olhos desses pais expressam a dor que sentem quando pensam no que os filhos têm que enfrentar. A dor é aumentada quando sabem que são a última defesa emocional da criança e, às vezes, a deixam sozinha, desprotegida e vulnerável. Também é possível testemunhar a profunda diferença que o toque compreensivo e o abraço de um pai pode fazer no sentido de reafirmar para o filho que ele é amado, exatamente como é.

Uma criança sabe instintivamente que a mãe a amará sempre - não importa o que aconteça. Os pais, no entanto, devem mostrar esse amor todos os dias para assegurar aos filhos que não serão abandonados física ou emocionalmente. Um pouquinho de amor e carinho por dia faz toda a diferença entre uma criança que acredita em suas próprias habilidades e outra que só enxerga as própria falhas.

Os pais de crianças com TDAH receberam um chamado especial: estar ao lado de seus filhos nas horas das dificuldade emocionais ou comportamentais, dar a seus filhos esperança e coragem, e propiciar oportunidades que os levem a se mostrar através de suas qualidades e não de seus defeitos. Para isso, é preciso reconhecer as experiências e as lutas que essas crianças enfrentam a cada dia e criar um ambiente familiar positivo que permita superar tais dificuldades. Criar e manter um ambiente positivo ao enfrentar o TDAH e as ocorrências concomitantes requer uma mudança consciente e consistente na maneira que um pai encara a si próprio e à sua criança.


Compreender a Frustração Mútua
Como pai, lembrar que, nas ocasiões de frustração pelo comportamento do filho, ele, provavelmente, está sentindo a mesma frustração. Nesse momento, o filho ou a filha pode estar momentaneamente congelado/a no tempo, como um animal paralisado por faróis de carro. O desejo natural da criança de agradar e seguir as regras é suplantado por um estado emocional muito além do seu controle. A cada ordem de "pare com isso" ou a cada indicação de que é um desapontamento para os pais, a dor aumenta e os faróis ficam mais brilhantes.

Não é fácil reverter essa espiral que puxa para baixo, é tarefa que exige mudança da parte do pai na vivência da situação. Os pais sabem que há ocasiões em que a criança perde o controle. Essa falta de controle não é proposital - está diretamente relacionada à falta de habilidade em manter o controle interno. Antecipar essa espiral possibilita identificar com tempo como se deseja reagir às bruscas mudanças emocionais. Isto exige passar conscientemente pelos passos que se deseja dar. Este exercício é especialmente importante para pais que costumam enfrentar a agressividade e a falta de controle do filho de forma semelhante. Compreender o que a criança pode e o que não pode controlar é o primeiro passo no treinamento de ignorar um comportamento impulsivo ou inadequado. Se houver reforço nos movimentos positivos em direção ao sucesso, o filho começará a se ver como um sucesso!


Criar uma Criança Auto-disciplinada
Qual é a relação entre disciplinar uma criança e a criança aprender auto-disciplina? Há uma conexão direta entre a maneira que a criança é disciplinada e o grau em que assume responsabilidade por suas próprias ações e comportamento.

Disciplinar uma criança, especialmente uma criança com TDAH, torna-se muito mais complicado pela própria reação emocional ao que consideramos mal comportamento ou outras falhas sociais. Quanto mais consumidos emocionalmente com o comportamento dos filhos, mais os pais ficam propensos a usar estratégias disciplinadoras ineficientes ou inadequadas, como bater, gritar, ameaçar, incomodar ou não demonstrar amor e atenção. Quando a emoção toma conta, o resultado é tipicamente inferior ao desejado, talvez até passível de arrependimento.

Escolher a maneira de disciplinar é um dos aspectos mais importantes ao educar uma criança com TDAH. Kicarr lembra de um pai falando sobre sua própria experiência:


"Eu costumava ser muito mais severo com meu filho. Eu o tratava de maneira normal, quer dizer, eu realmente não levava em consideração o fato dele ter dificuldade em processar informação ou seguir instruções.
Ficava pegando no pé dele e tentando fazê-lo agir como qualquer outro garoto da sua idade. Aprendi que ele não é assim, que não é como a maioria dos seus amigos. Em alguns pontos, já mostra mais controle. Acho que isso se deve ao esforço que estamos fazendo em casa para ser mais consistentes e para reduzir a carga emocional relacionada com as questões problemáticas. Não é que ele não queira fazer as coisas, é só que ele nem sempre consegue fazer as coisas da maneira que os outros querem ou esperam."

Um aspecto essencial ao aprender como disciplinar um filho de maneira eficiente é compreender o que ele é capaz de fazer e quando está mais preparado para fazê-lo. Uma criança com TDAH precisa se apoiar em seu pai nas ocasiões em que não consegue se controlar. Se ele ficar zangado, aborrecido ou fora de controle, não vai poder propiciar o tipo de apoio emocional e disciplinar necessários para resolver o problema.

Uma criança com TDAH precisa do apoio do pai da mesma maneira que uma pessoa com o pé quebrado necessita de muleta. A muleta não é permanente. No entanto, para se sentir confortável na continuação da rotina, é preciso que o pé quebrado e a muleta trabalhem juntos para minimizar o desconforto. À medida que a criança com TDAH amadurece, precisa menos do apoio do pai e mais da sua experiência e de seus recursos. Crianças portadoras de TDAH anseiam por soluções de uma maneira saudável, principalmente quando se vêem como a fonte do problema.


Exercer uma Disciplina Calma


Permanecer calmo com os filhos portadores de TDAH e estabelecer hábitos eficientes de disciplina são duas atitudes inseparáveis. Ficar calmo e disciplinar com consistência traz como resultado uma criança que compreende e assume responsabilidade por suas próprias ações e comportamento.O pai de um garoto de 9 anos traz um exemplo claro:
"Acho que a maneira que trato Marty agora não é nem um pouco semelhante à que tratava antes. Costumava pensar que ele era apenas uma criança mimada, que não se controlava enquanto não conseguia o que queria. Se não conseguia, dizia coisas do tipo "Odeio você", ou murmurava coisas desagradáveis a meu respeito. Eu literalmente corria atrás dele pela casa para poder extravazar minha raiva.
Depois que foi diagnosticado com TDAH e que começamos com a medicação, pensei que ele iria parar um pouco com aquele comportamento (horrível) que tanto incomodava a minha esposa e a mim. Naquela época, não entendi que uma mudança dele estava ligada à uma mudança nossa, especialmente minha, porque minha esposa era muito mais tolerante e compreensiva com seu comportamento. O fato dele estar tomando remédio e continuar fazendo o que não devia me deixava mais zangado ainda.
Não sabia como fazê-lo agir da maneira certa. Apesar de minha esposa dizer que eu devia prestar atenção à maneira como reagia a Pete, isso tinha pouao influência na maneira como eu o tratava. Acredite se quiser, as coisas começaram a mudar depois que li um artigo de revista sobre como disciplinar uma criança. Ao acabar de lê-lo, fiquei chocado ao perceber que, basicamente, fazia tudo para garantir que Pete não desenvolvesse autocontrole e autodisciplina. Os gritos e punições que usava somente faziam com que ele se sentisse mais desamparado e fora de controle.
Logo depois desse episódio, li outro artigo sobre TDAH. Compreendi melhor o que se passa dentro do corpo e da mente de Pete. Suponho que me tornei mais sensível ao que ele está passando. Comecei a ler mais a respeito de como ajudá-lo quando fica fora de controle.
Hoje em dia, raramente grito. Deixo ele saber o que se espera dele e o que é preciso acontecer para conseguir o que quer. Acho que o fato de não gritar e permanecer calmo teve um efeito positivo. Vejo que ele está bem mais responsável e capaz de ouvir.

Esse era o ponto principal do artigo: não ficar irritado com o que seu filho faz, ser claro a respeito do que se espera, ser claro quanto às regras da família e quanto aos limites da família em relação a determinados comportamentos e escolhas. A coisa mais contra-producente que se pode fazer é gritar ou bater em um filho. Definitivamente, isto faz a criança evitar assumir o que fez."



O Paradoxo dos Pais

Quando um pai começa a aceitar o comportamento do filho, acontece um interessante paradoxo: o comportamento problemático diminui de freqüência, intensidade e duração. Isto não significa que o comportamento inadequado é aceito. Na realidade, a criança é aceita pelo que é e pelo que pode ou não fazer em determinado momento. Também não quer dizer que o TDAH pode ser usado como desculpa para um comportamento inadequado ou desrespeitoso. Podemos e devemos responsabilizar nossos filhos pelo que fazem, mantendo uma posição de amor e apoio.

Este outro exemplo mostra como a mudança de atitude do pai para com o filho mudou a relação entre ambos:
Quando Paul não está tomando remédio e suas emoções estão soltas, se digo alguma coisa que o irrita, o que não é difícil, ele imediatamente diz alguma coisa do tipo "Cala a boca" ou "Não enche". Levei um tempo para aceitar o fato que é seu lado impulsivo aparecendo. Nesse momento, ele realmente não consegue controlar o que está dizendo.
Quando está tomando remédio, esse tipo de resposta é muito raro. Também reajo de maneira diferente agora, de modo que ele não fica muito tempo nos sentimento negativos. Posso sentir que ele quer dizer ou fazer algo diferente, mas surge a necessidade e ele acaba soltando o que não deve. Depois que minha atitude mudou, os impulsos mais intensamente negativos acontecem com menos freqüência.

Este outro exemplo sugere como até mesmo o mais difícil TDAH pode responder positivamente a uma estrutura familiar sólida e apoio constante.

"Tenho visto Quint usar muitas das técnicas e estratégias que minha esposa e eu usamos com ele durante os últimos anos. Se está ficando muito zangado e agressivo, sai temporariamente da situação para se acalmar, focalizar e descobrir exatamente o que está acontecendo e como ele está contribuindo para o problema. Estamos começando a ver o resultado de anos de trabalho, em que mostrávamos como fazer as coisas e o apoiávamos. Aos 4 anos, quando foi diagnosticado, ele era agressivo, agitado e difícil de controlar. Agora, aos 8 anos, ainda tem suas dificuldades, mas não é nada comparado ao que era antes. Vejo que Quint é um menino feliz e seguro. Teria sido fácil ficar zangado ou frustrado quando ele era uma criança difícil. Mas, com orientação, troca de experiências com outros pais e ajuda profissional, Quint está bem e vai continuar assim. Cada dia ele aprende a lidar melhor com o seu TDAH."

Ser pai conduz a um nível de responsabilidade sem paralelos em qualquer outra área da vida. Filhos são mais do que uma extensão: representam todo o potencial e as possibilidades que o mundo pode oferecer. Têm a oportunidade de ultrapassar nossas expectativas e de apresentar uma excelência nunca antes demonstrada. Enorme responsabilidade é colocada em seus ombros, para que sejam bem sucedidos, para que façam boas escolhas, vivam valores sólidos e sejam bons cidadãos. Freqüentemente, espera-se que aproveitem oportunidades perdidas pelos pais ou que construam uma escada magnífica que os leve e, por extensão, aos pais, em direção de um sucesso individual. Espera-se que curem feridas históricas. Entretanto, os pais devem, na realidade, enfrentar as mesmas batalhas que enfrentaram, sentir os mesmos desapontamentos que eles sentiram e aprender, da mesma maneira que eles aprenderam, a encontrar sentido num mundo imprevisível

Quando um filho tem o pai como guia, não precisa enfrentar o mundo sozinho. Ao mesmo tempo que os filhos podem oferecer uma oportunidade para a cura, o que realmente oferecem é a chance de viver honestamente, demonstrar integridade, dar o exemplo do perdão e da compaixão. Pais podem dar aos filhos o que não tiveram física e emocionalmente. No entanto, como muitos pais aprenderam com o tempo, é muito mais fácil proporcionar conforto físico do que o emocional que não receberam. Pais, mais do que as mães, têm que superar preconceitos sociais e de gênero para poderem oferecer a seus filhos, especialmente aos meninos com TDAH, o nível de apoio emocional que eles necessitam.


Educar uma criança resiliente
Crianças com TDAH são incrivelmente resilientes, criativas e determinadas. Mesmo tendo que lidar com pais frustrados e professores desiludidos, essas crianças tentam continuar e "fazer melhor na próxima vez". Crianças que não recebem o necessário apoio, empatia e cuidado, eventualmente sucumbem ao peso dos anos de crítica negativa e falham na tentativa de melhorar. Esta é a maneira que um pai descreve o desejo de seu filho de se integrar ao grupo e ser bem sucedido:
"Sei que Brent quer se controlar e ser parte do grupo. Sei disso. Mas, assim que as coisas começam a não dar certo, ele fica cada vez mais frustrado e tudo fica mais difícil. Ele não desiste. Sei que está tentando melhorar, e ele sabe que eu o apoio por estar fazendo o melhor que pode neste momento. Às vezes, penso em mim mesmo como seu "airbag" emocional. Sei que a maneira que lido com ele o faz sentir mais seguro e mais capaz de melhorar as coisas. Quero que ele saia de um episódio ruim sabendo que está bem, e que é capaz de dominar a frustração e não ser dominado por ela."

O texto que segue pode ser visto como uma metáfora para a resiliência pessoale a fortaleza emocional:
Um dia, uma mula caiu num poço seco. Não havia jeito de se tirar a mula do poço, então o fazendeiro mandou os filhos enterrarem a mula nele. Mas a mula se recusava a ser enterrada. À medida que os meninos jogavam a terra, a mula simplesmente andava por cima dela. Logo, tanta terra foi jogada que a mula conseguiu sair do poço Aquilo que era destinado a enterrar a mula foi exatamente o instrumento que a fez subir para sair do poço. .


Esta história fala tanto da experiência de pais de crianças com TDAH como das próprias crianças. Algumas vezes, os pais sentem que estão sendo "enterrados vivos" por todos os problemas resultantes do TDAH. Não é que os filhos pretendam sufocá-los; na verdade, os sintomas do TDAH é que são sufocantes, tanto para os pais como para os filhos.

Como a mula, um número surpreendente de crianças com TDAH se recusa a ser enterrado emocionalmente por críticas negativas, desaprovação dos pais, isolamento social e dificuldades acadêmicas. De alguma maneira, essas crianças se tornam adultos levando uma contribuição significativa para suas comunidades e para a vocação que escolheram. Acredita-se que essas crianças freqüentemente tiveram pelo menos uma pessoa que acreditou incondicionalmente nelas e que apoiou o lado capaz e competente de suas personalidades. É surpreendente o que uma pessoa, especialmente um pai, pode fazer para garantir o sucesso de uma criança.

A história que segue demonstra bem esse ponto.
"Antes de Chris ser diagnosticado e medicado, eu ficava maluco se ele desobedecia, respondia ou causava algum problema. Chegou no ponto que eu simplesmente perdia a cabeça. Por sua vez, isso só o fazia ficar mais desafiador. Quanto mais alto ele falava, mais eu gritava, e assim por diante.
Havia um enorme stress e muita tensão na casa. Depois que aprendi um pouco mais sobre TDAH e percebi que a minha maneira anterior de lidar com Chris era, no mínimo, ineficiente, comecei a agir de maneira diferente. Se ele começa a perder o controle, reduzo a reação negativa e encaro sua intensidade com calma e razão. A mudança de comportamento diante da minha nova atitude é impressionante. Não há mais tensão na casa e, se ele faz alguma coisa inadequada, calmamente mando que vá para outro lugar para se acalmar. A noite, agora, é diferente e produtiva, principalmente quando ele se sente dominado por suas emoções."

Concluindo, Kicarr lembra que as crianças que têm deficiências, sejam emocionais ou físicas, freqüentemente podem superar enormes desvantagens se sabem que os pais acreditam nelas. Como um camaleão, que toma a cor do ambiente como forma de proteção contra o perigo, crianças com TDAH freqüentemente assumem atitudes e crenças dos pais; vêem a si próprias como são vistas pelos outros. Se percebem que são consideradas "más", "um desperdício", "sem valor" ou se sentem apenas toleradas, começam a viver esses rótulos buscando experiências negativas. Por outro lado, quando uma criança se sente amada, mesmo quando não é particularmente amável, experimenta uma sensação de redenção e esperança.

*Doutor em Psicologia do Desenvolvimento e da Organização. O Dr. Kilcarr é Diretor do Centro de Desenvolvimento Pessoal da Universidade Georgetown, em Washington, USA.


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